domingo, 4 de março de 2012

Formaturas, finais e rompimentos

     Uma menina cheia de sonhos...                                      Uma Psicóloga cheia de... incertezas
                             


  












Em nossa sociedade, é de costume a realização de um evento para demarcar o final de um curso e o início do próximo – seu sucessor. Exemplos dessa prática são instituições muito antigas, tais como o casamento e as formaturas. Há um palpite de que tais instituições sejam quase tão antigas quanto o medo que sentimos ao trocar o certo, conhecido, habitual, pelo duvidoso, incerto e desconhecido.
O curioso é que, em tais ocasiões, é comum que um clima de intensa comemoração envolva tal evento festivo: são exigidas as melhores roupas, toma-se e come-se do melhor, deve-se convidar as mais queridas pessoas (preferencialmente, um grande número de pessoas) para comemorar uma ocasião tão especial, tão marcante, tão...
Alegre...
Triste...
E, nesse momento, o(s) grande homenageado (s) ocupa posição de destaque, afinal, é por ele que todos estão aqui reunidos. Ora, diante de tal ocasião é impossível não se sentir extremamente especial e cheio de...
Esperanças...
Medos...
Será que é possível que sentimentos tão opostos coexistam?
A que sensação, sentimento, impressão deve-se dar prioridade?
Obviamente, ninguém tem a resposta para tais perguntas. Apenas sabe-se que, em cada um de nós há muito espaço para abrigar sentimentos opostos, ainda que eles teimem em surgir concomitantemente.
Toda ruptura, mesmo no âmbito da física, gera algum tipo de desgaste, o que pode ser relacionado a uma perda. A formatura representa a perda da vida que se tinha anteriormente, e, ademais, representa uma identidade, construída por e através de muitas relações, cotidianas ou não, mas, quase sempre, marcantes o suficiente para serem introjetadas na própria maneira com que falamos e vemos a nós mesmos. A formatura representa, também, o final de um ciclo, e, como o próprio nome (ciclo) sugere, o início de um próximo, seu sucessor, quase sempre desconhecido e, consequentemente, temido.
O termo formatura também se associa ao vocábulo “formação”, o que nos remete a crescimento e, mais especificamente, ao processo de crescer. Ora, crescer é extremamente doloroso, envolve perdas e o luto de afetos, hábitos, costumes, certos tipos de relações estabelecidas com outrem e com o mundo. Enfim, crescer dói. E muito. Porém, o resultado do processo de crescimento sempre é positivo, pois, ao crescermos, aumentamos nosso repertório de comportamentos e, lidando de formas diferentes com as coisas do mundo, (formas que, anteriormente, não eram possíveis, pois não tínhamos crescido o suficiente) aumentamos nosso conhecimento sobre ele. Ao crescer, podemos estabelecer novas relações com as pessoas e, principalmente, apenas quando se cresce, pode-se ver, tocar, alcançar e chegar mais longe.
Sendo assim, aceitemos a complexidade que esses desafios nos impõem e estejamos certos de que os rompimentos nos abrem novos caminhos, os quais, inevitavelmente, nos proporcionarão chegar – sempre – mais longe.

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