Em nossa sociedade, é de costume a realização de um evento para demarcar o final de um curso e o início do próximo – seu sucessor. Exemplos dessa prática são instituições muito antigas, tais como o casamento e as formaturas. Há um palpite de que tais instituições sejam quase tão antigas quanto o medo que sentimos ao trocar o certo, conhecido, habitual, pelo duvidoso, incerto e desconhecido.
O curioso é que, em tais
ocasiões, é comum que um clima de intensa comemoração envolva tal evento
festivo: são exigidas as melhores roupas, toma-se e come-se do melhor, deve-se
convidar as mais queridas pessoas (preferencialmente, um grande número de
pessoas) para comemorar uma ocasião tão especial, tão marcante, tão...
Alegre...
Triste...
E, nesse momento, o(s)
grande homenageado (s) ocupa posição de destaque, afinal, é por ele que todos
estão aqui reunidos. Ora, diante de tal ocasião é impossível não se sentir
extremamente especial e cheio de...
Esperanças...
Medos...
Será que é possível que
sentimentos tão opostos coexistam?
A que sensação,
sentimento, impressão deve-se dar prioridade?
Obviamente, ninguém tem
a resposta para tais perguntas. Apenas sabe-se que, em cada um de nós há muito
espaço para abrigar sentimentos opostos, ainda que eles teimem em surgir
concomitantemente.
Toda ruptura, mesmo no
âmbito da física, gera algum tipo de desgaste, o que pode ser relacionado a uma
perda. A formatura representa a perda da vida que se tinha anteriormente, e,
ademais, representa uma identidade, construída por e através de muitas relações,
cotidianas ou não, mas, quase sempre, marcantes o suficiente para serem
introjetadas na própria maneira com que falamos e vemos a nós mesmos. A
formatura representa, também, o final de um ciclo, e, como o próprio nome
(ciclo) sugere, o início de um próximo, seu sucessor, quase sempre desconhecido
e, consequentemente, temido.
O termo formatura também
se associa ao vocábulo “formação”, o que nos remete a crescimento e, mais
especificamente, ao processo de crescer. Ora, crescer é extremamente doloroso,
envolve perdas e o luto de afetos, hábitos, costumes, certos tipos de relações
estabelecidas com outrem e com o mundo. Enfim, crescer dói. E muito. Porém, o
resultado do processo de crescimento sempre é positivo, pois, ao crescermos,
aumentamos nosso repertório de comportamentos e, lidando de formas diferentes com
as coisas do mundo, (formas que, anteriormente, não eram possíveis, pois não
tínhamos crescido o suficiente) aumentamos nosso conhecimento sobre ele. Ao
crescer, podemos estabelecer novas relações com as pessoas e, principalmente,
apenas quando se cresce, pode-se ver, tocar, alcançar e chegar mais longe.
Sendo assim, aceitemos a
complexidade que esses desafios nos impõem e estejamos certos de que os
rompimentos nos abrem novos caminhos, os quais, inevitavelmente, nos
proporcionarão chegar – sempre – mais longe.
Legal o Tema, Bem Inteligente...
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