terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

I got a feeling...




Sabe “aquela coisa que bate, bem fundo, aqui no peito”? Quase sempre é difícil explicar o que se sente, talvez porque sentimentos possuam uma natureza bem diferente das palavras, e isso pode ser explicado pelo fato de que em nossa moradia interna podem coabitar seres tão distintos, embora, paradoxalmente, eles formem a mesma unidade: o Eu.
Expressar um sentimento não é coisa qualquer. É um ato nobre, embora engolido pela montanha de lixo-plástico, de coisas descartáveis e temporárias que são os dias atuais. Talvez por sua nobreza e significado seja algo tão difícil. Ora, existe algum grande ato, nobre em sentido e significado, que tenha sido simples? Rápido? Fácil? Desde a época de Alexandre até Martin Lutter King, nenhum exemplo de grande feito remonta à simplicidade, mas sim a muito suor e pedras no caminho.
Mas o que dizer do fracasso em se expressar um sentimento? Ou melhor, do fracassado, incapaz de expressar a outro, de semelhante natureza, algo que ele conhece tão bem quanto a si mesmo? Como explicar que seja mais fácil cruzar uma fronteira interestadual, acessar informações globais e tecer diversas redes de contatos sociais do que acessar a essa fonte de conhecimento tão próxima, e presente? Como lidar com um fracasso tão improvável?
É triste saber que coletamos muitas pedras, porém construímos poucos castelos. Somos capazes de purificar a água, mas não a própria alma. É possível odiar e criticar alguém que mal se conhece, porém não conseguimos, ao menos, nos amar verdadeiramente e, tampouco, lidar com nossos erros e tecer uma crítica reflexiva para nos fazermos pessoas melhores. Muito mais triste é saber que cruzamos a fronteira do conhecimento, mas ainda estamos profunda e inevitavelmente longe do autoconhecimento.

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