terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

É isso aí e ponto final - uma questão de opinião


Bom, primeiramente, o que me motivou a escrever esse post foi o fato de que, durante uma de minhas pesquisas por filmes para assistir, encontrei alguns comentários sobre o filme Confi@r, o qual, basicamente, fala sobre uma garota que ganha seu primeiro computador e é seduzida por um pedófilo através de conversas pela internet (Para quem se interessou, segue o link do trailer http://www.youtube.com/watch?v=lf09c7pJb80). O que mais me chamou atenção não foi o filme em si, mas sim a facilidade com que as pessoas julgavam o fato de uma garota de 13 anos se envolver amorosamente com um homem de 35 anos de idade, que a seduziu e dela abusou sexualmente. Alguns comentários se referiam à garota como “vagabunda”, “pervertida” e a culpavam pela situação em que ficou sua família após a descoberta do abuso sexual sofrido, dizendo que “ela bem que provocou”, e que ela apenas “teve aquilo que queria”.  Ainda pretendo escrever sobre sexualidade infantil, utilizando esse filme como referência, porém, esse é assunto para uma próxima oportunidade.
Os comentários que encontrei a respeito desse filme me remeteram ao modo como as pessoas, atualmente, explicitam e constroem suas opiniões – de modo apressado e forçadamente conclusivo.  Longe do propósito de fazer campanhas anti redes sociais ou contra o fluxo de informações pela internet (o que, certamente, se constitui em um grande avanço à propagação do conhecimento), no entanto, sabe-se que a quantidade de informações circuladas por esse veículo é muito superior ao que pode ser  apreendido pelo ser humano, principalmente se considerarmos a importância e necessidade de se construir uma concepção crítica a respeito dessa informação. Ademais, as interações via redes sociais possuem uma natureza muito diferente das interações face-to-face e, em termos Behavioristas, aumentam significativamente a produção de reforçadores positivos imediatos a partir de um custo menor e/ou produzindo uma quantidade menor de punições ou reforços negativos (o que significa, basicamente, que é possível que exponhamos nossa opinião, que conversemos com pessoas ou que digamos o que vem a nossa mente diminuindo o risco de sofrer uma rejeição e não tendo a necessidade de observar a reação do outro ao que é dito). Ora, e por acaso, não seria essa uma questão de sinceridade? Qual o problema de sermos mais “livres” para expormos o que pensamos? Basicamente, nenhum. Exceto nos diversos momentos em que “ingênuas” opiniões apressadamente formadas influenciam em questões culturais de grande impacto, as quais, tradicionalmente, não são nada simples, e,  considerando-se o farto contexto histórico mundial de intolerância étnica, religiosa (fora os exemplos mais modernos de intolerância a gêneros musicais) faz-se desnecessário citar exemplos de situações em que “ingênuas opiniões”  formadas de modo conclusivo e parcial causaram uma imensa (e desastrosa) conseqüência em nossa sociedade.
Retomando a questão anteriormente aberta: a internet e as redes sociais são um avanço ou retrocesso na sociedade?  A resposta para essa pergunta, nada simples, como já dito, é inconclusiva. Ou seja: depende. Depende da forma com que nós, seres humanos, interagimos com tal recurso e dele fazemos um bom (ou mal) uso. Ora, mas, pensando assim, é impossível que se forme uma opinião correta, desprovida de erros ou de distorções, não é? Exato. Mas o que caracteriza o ser humano não é sua infalibilidade (isso seria, no máximo, o que caracteriza uma boa máquina), mas sim sua disposição e recursos para fazer melhor, até o momento em que nada mais possa ser feito.

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