Bom, primeiramente, o que me motivou a escrever
esse post foi o fato de que, durante uma de minhas pesquisas por filmes para
assistir, encontrei alguns comentários sobre o filme Confi@r, o qual,
basicamente, fala sobre uma garota que ganha seu primeiro computador e é
seduzida por um pedófilo através de conversas pela internet (Para quem se
interessou, segue o link do trailer http://www.youtube.com/watch?v=lf09c7pJb80). O que mais me chamou atenção não foi o filme
em si, mas sim a facilidade com que as pessoas julgavam o fato de uma garota de
13 anos se envolver amorosamente com um homem de 35 anos de idade, que a
seduziu e dela abusou sexualmente. Alguns comentários se referiam à garota como
“vagabunda”, “pervertida” e a culpavam pela situação em que ficou sua família
após a descoberta do abuso sexual sofrido, dizendo que “ela bem que provocou”,
e que ela apenas “teve aquilo que queria”.
Ainda pretendo escrever sobre sexualidade infantil, utilizando esse
filme como referência, porém, esse é assunto para uma próxima oportunidade.
Os comentários que encontrei a respeito desse
filme me remeteram ao modo como as pessoas, atualmente, explicitam e constroem suas
opiniões – de modo apressado e forçadamente conclusivo. Longe do propósito de fazer campanhas anti
redes sociais ou contra o fluxo de informações pela internet (o que,
certamente, se constitui em um grande avanço à propagação do conhecimento), no
entanto, sabe-se que a quantidade de informações circuladas por esse veículo é
muito superior ao que pode ser
apreendido pelo ser humano, principalmente se considerarmos a
importância e necessidade de se construir uma concepção crítica a respeito
dessa informação. Ademais, as interações via redes sociais possuem uma natureza
muito diferente das interações face-to-face e, em termos Behavioristas,
aumentam significativamente a produção de reforçadores positivos imediatos a
partir de um custo menor e/ou produzindo uma quantidade menor de punições ou
reforços negativos (o que significa, basicamente, que é possível que exponhamos
nossa opinião, que conversemos com pessoas ou que digamos o que vem a nossa
mente diminuindo o risco de sofrer uma rejeição e não tendo a necessidade de
observar a reação do outro ao que é dito). Ora, e por acaso, não seria essa uma
questão de sinceridade? Qual o problema de sermos mais “livres” para expormos o
que pensamos? Basicamente, nenhum. Exceto nos diversos momentos em que
“ingênuas” opiniões apressadamente formadas influenciam em questões culturais
de grande impacto, as quais, tradicionalmente, não são nada simples, e, considerando-se o farto contexto histórico
mundial de intolerância étnica, religiosa (fora os exemplos mais modernos de
intolerância a gêneros musicais) faz-se desnecessário citar exemplos de
situações em que “ingênuas opiniões”
formadas de modo conclusivo e parcial causaram uma imensa (e desastrosa)
conseqüência em nossa sociedade.
Retomando a questão anteriormente aberta: a
internet e as redes sociais são um avanço ou retrocesso na sociedade? A resposta para essa pergunta, nada simples,
como já dito, é inconclusiva. Ou seja: depende. Depende da forma com que nós,
seres humanos, interagimos com tal recurso e dele fazemos um bom (ou mal) uso.
Ora, mas, pensando assim, é impossível que se forme uma opinião correta,
desprovida de erros ou de distorções, não é? Exato. Mas o que caracteriza o ser
humano não é sua infalibilidade (isso seria, no máximo, o que caracteriza uma
boa máquina), mas sim sua disposição e recursos para fazer melhor, até o
momento em que nada mais possa ser feito.
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